Ao cantor de Videokê

(nome),

que injustiça, meu querido! Você se esgoela, interpreta, dá de si, solta aquele profundo dó de peito até que, na hora que vem a pontuação (tchan, tchan, tchan, tchan, tchan, tchannn, tchannnn!!!), aquela máquina "malledeta" diz que é pra você tentar com mais ânimo da próxima vez!
Toda a semana é a mesma coisa: você passa todas às noites, de segunda a sexta-feira, trancado no quarto ensaiando e ensaiando seus agudos para, de repente, se deparar com uma situação assim tão grave no sábado! Que frustrante, né? O pior é que aquele chato da mesa ao lado, aquele que sempre escolhe o pior repertório, que desafina feito um galinho novo, ainda acaba tirando uma boa nota e voltando à mesa, todo contente, mais aplaudido que um "pop star"...
Isso tem que acabar. Tem que acabar porque não é justo que alguém tão talentoso quanto você sofra tantas agruras para poder mostrar seus dotes. Falando sinceramente, acho que aquela máquina está desregulada, pois eu tenho a certeza de que quando um desses caçadores de talentos aparecer para te ouvir cantar, logo logo você acaba na banheira do Gugu!
Aliás, parece ironia, mas não é... Logo naquela noite em que você tirou a nota máxima, logo naquele dia em que a máquina fez o maior escândalo e escreveu em letras maiúsculas: "Parabéns, você é um cantor profissional!", tinha jogo da seleção e ninguém assistiu a sua soberba apresentação... portanto, ninguém sabe, ninguém viu...
Mas, meu querido, não é por isso que você precisa exagerar e já chegar ao videokê pedindo logo aquela música que o Cauby consagrou: "cantei, cantei, até ficar com dó de mim..."
Não fique triste, meu amor, eu sei que você canta direitinho aliás, pra mim nunca houve quem cantasse melhor, pois sei que você tem a voz mais doce e melodiosa do mundo (sei melhor do que ninguém, não é, meu Frank Sinatra?)...

Fique com um beijo da
(assinatura)